segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

V de Vingança e os 20 centavos



    Recentemente tive um contato maior com a obra V de Vingança, e com ela, gostaria de compartilhar com vocês uma curiosidade e alguns apontamentos sobre como uma história influenciou as políticas conteporâneas. 

 


         Um pouco de musica ambiente para sua leitura.
 


                                                      


    Em 2013 o jornalista brasileiro Januncio Neto, enviou e-mail ao artista David Lioyd, co-criador de V de Vingança, perguntando se estava a par da situação política no Brasil e o uso da mascara de Guy Fawkes nas manifestações. Só para recordar, há 4 anos atrás inicio-se no Brasil uma série de manifestações contra o governo a partir do aumento de R$0,20 na passagem dos ônibus. Foram grandes manifestações,  muitas pessoas machucadas em confrontos entre policias e manifestantes, noticiários incapazes de cobrir todos os acontecimentos e muita revolta popular. Assim como outrora em outros lugares do mundo, a mascara V, ou Mascara Guy Fawkes, como preferirem, tomou conta de boa parte dos protestos, como símbolo contra o abuso do Estado sobre o povo.  Voltando ao email, Januncio Neto ainda fez um pedido interessante:  uma Sketch da mascara caso Liody apoiasse a manifestação.  Liody não apenas estava ciente dos acontecimentos, como também via com bons olhos o uso da mascara nos protestos. Perguntou qual era o lema dos brasileiros durante os acontecimentos e pouco tempo depois, enviou a seguinte ilustração ao jornalista:



    V for Vendetta/ V de Vingança (1983~1989) é uma obra que transcendeu a muito o tempo. Originalmente contando a história de um anarquista e sua pupila contra uma futura Londres distópica, com um governo ditatorial governando os londrinos através de câmeras e monitores, com computadores ajudando a transfigurara a informação no melhor estilo de '1984' de George Orwell. A HQ era um prelúdio dos temores mais sombrios de Alan Moore e David Liody com o rumo que a Inglaterra tomava através do governo de Margaret Thatcher e sua maior aproximação com Ronald Reagan durante a ultima década da Guerra Fria.




    Em 2006 a obra ganhou uma adaptação cinematográfica, porém distancio muito de alguns pontos importantes da HQ. Tamanho distanciamento, fez com que o escritor e co-criador, Alan Moore, pedisse que seu nome fosse retirado dos creditos do filme. Sem entrar em revelações de enredo, em quanto na HQ o uso da tecnologia é vital para o desfecho da trama, assim como é o gatilho dos problemas dessa Londres paralela, bem contexto Guerra Fria. No filme, Londres está sobe num governo totalitário eleito democraticamente, mas aparenta maior flexibilidade comparado ao da HQ. V vai conquistando terreno, através das falhas do governo inglês, e simpatia de seus habitantes a sua causa, não explicitada claramente, mas uma ideia que ganha força através da insatisfação generalizada. Uma realidade mais próxima ao colapso da democracia discutido atualmente, comparado ao fim do mundo durante a Guerra Fria. Digamos entre muitas aspas, que a HQ está mais para '1984' quanto o filme para 'Admirável Mundo Novo'.



    De qualquer forma, o filme agradou muito o publico que ali observou mazelas do nosso cotidiano. As pessoas que vão a protestos com mascaras de V de Vingança, vão mais pela sua identificação com filme, do que com a obra original. Onde "todos são um e um são todos".
    Seja pela falência de um estado Totalitário, através de um ditadura (HQ) seja por um colapso das instituições democráticas (filme), V de Vingança ainda há de inspirar muitos jovens para as futuras crises que virão. "Ideias são  a prova de balas" - V
      Saudações de Algol!
                                              
 
Fonte:https://studiomadeinpb.wordpress.com/2013/06/23/david-lloyd-produz-sketch-em-apoio-aos-protestos-na-cidade-de-joao-pessoa-e-no-resto-do-pais/

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